4 de novembro de 2008

Caminha: arara que custa 3000 euros brilha em exposição que junta 4500 aves



Viana do Castelo, 2 Nov (Lusa) - Uma arara avaliada em 3000 euros é a coqueluche do 3º Campeonato Ornitológico Internacional do Atlântico, que decorreu este fim-de-semana em Caminha, reunindo um total de 4500 aves de 312 criadores de Portugal, Espanha, Suíça e Inglaterra.
Com uma penugem azul e amarela, a arara, de apenas seis meses de idade, já ostenta um bico "de respeito", pelo que o seu responsável aconselha os visitantes a manter algum distanciamento, "não vá o diabo tecê-las".
"É uma criança autêntica. Não mede o que faz e, no meio da brincadeira, ainda magoa alguém", avisa Paulo Lopes.
Além de poderem apreciar 35 espécies de aves de 240 raças, os visitantes desta exposição têm ainda uma oportunidade de enriquecer a sua cultura ornitológica, com as explicações dos criadores.
"Uma arara vive entre 50 a 60 anos, reproduz a partir dos cinco e tem dois filhos por ano. Alimenta-se de milho, noz, amendoim e girassol, mas nunca apanha a comida que cai ao chão", explica Paulo Lopes, um dos responsáveis pela organização do campeonato.
Paulo Lopes tem 130 pássaros a quem dedica, em média, três a quatro horas por dia. "Comecei aos 18 anos, quando me ofereceram um canário, e nunca mais parei, até hoje. É uma paixão para toda a vida", garante.
José Caldeira tem 56 anos, é de Vila Nova de Famalicão e confessa que o gosto "pelos passarinhos" o acompanha desde criança. "Isto é o melhor anti-stress que conheço. Sou técnico de tinturaria têxtil, passo o dia a atender telefonemas, a ouvir reclamações daqui e dali, e nada melhor que chegar a casa e perder-me com os passarinhos, para aliviar a tensão", refere.
Cria 50 casais, dos quais "tira" entre 340 a 360 aves por ano. Tudo canários. Intitula-se mesmo como o primeiro criador a nível mundial de canários brancos, que resultaram de "vários cruzamentos" de algumas raças e que são "os mais pequeninos de todos".
Para José Caldeira, a paixão é a palavra-chave para um criador de aves. "É verdade que este é um hobby que se paga a ele próprio, mas quem não tiver verdadeiramente paixão pelos passarinhos não se dedica a isto", garante, sem esconder o seu orgulho por ter conseguido seis primeiros prémios neste campeonato.
O júri tem em conta todo um conjunto de factores e de pormenores, como a combinação de cores, o porte, a limpeza e o brilho da plumagem, o seu estado de saúde, a sua presença de espírito ou a distribuição uniforme da pluma. "Às vezes, basta uma unha partida para se perder um prémio", explica.
Outra ave que "dá nas vistas" nesta exposição é uma catatua galã, avaliada em 1750 euros e que o seu criador, Miguel Dias, garante ser um dos oito únicos exemplares existentes em Portugal.
"É uma espécie em vias de extinção", afirma, frisando, no entanto, que aquela ave pode durar entre 100 e 150 anos.
Aves exóticas da Austrália, América do Sul ou África, periquitos e, essencialmente, canários constituem a "oferta" desta exposição, que vai ficar patente até domingo.
VCP.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2008-11-02 10:55:02