22 de dezembro de 2009

Duas orquestras portuguesas em digressão pela China





























Duas orquestras sinfónicas portuguesas iniciam dia 29 de Dezembro uma tournée de uma semana pela China, numa inédita coincidência e que ilustra a crescente integração daquele país nos circuitos artísticos internacionais.

«Passam-se anos e anos sem aparecer por cá nenhum artista de Portugal e de repente, na mesma semana, temos duas orquestras», comentou um português residente em Pequim.
As duas orquestras são a Metropolitana de Lisboa e a Sinfónica Portuguesa, que não chegarão, contudo, a cruzar-se.
A Metropolitana de Lisboa actuará em Xangai, Suzhou, Hangzhou, Nanjing e outras cidades do leste da China, sob a direcção do maestro Cesário Costa.
A Sinfónica Portuguesa, que viaja com dois maestros (Júlia Jones e Johannes Stert), irá a Cantão, Macau, Tianjin e Pequim, onde terminará a tournée, no dia 06 de Janeiro.
«A China tornou-se uma das principais potências mundiais também no que se refere à música erudita, sendo hoje em dia ponto de passagem obrigatório para os mais reputados instrumentistas e, naturalmente, das melhores orquestras mundiais», diz um comunicado da Metropolitana de Lisboa.
Entre as orquestras estrangeiras anunciadas para Pequim até 05 de Janeiro figuram a Vienna Festival Phillarmonic Orchestra, a Dresden Phillarmonic, a Symphonia Vienna e a London Phillarmonic Orchestra.

A comunidade portuguesa residente em Pequim é constituída por cerca de setenta pessoas.
Segundo recordam os mais antigos, nas últimas três décadas, apenas uma dúzia de artistas portugueses actuaram em Pequim, entre os quais Carlos Paredes, Maria João Pires, Adriano Jordão, Mário Laginha, Pedro Burmester e o maestro Miguel Graça Moura.
Quanto a orquestras sinfónicas, a da Gulbenkian terá sido a única, na década de 1980, mas pequenos agrupamentos como o Opus Ensemble, Miso Ensemble, Trio de Laurent Filipe e Telectu também já tocaram em Pequim.
A fadista Ana Moura foi a última artista portuguesa a pisar um palco da capital chinesa, em Junho de 2006.
Durante a década da «Grande Revolução Cultural Proletária» (1966-76), a música ocidental esteve praticamente banida da China e Beethoven, por exemplo, chegou a ser considerado «um compositor burguês e reaccionário».

As grandes orquestras internacionais só começaram a actuar regularmente na China depois do Partido Comunista Chinês adoptar a politica de «Reforma Económica e Abertura ao Exterior», em Dezembro de 1978.
Diário Digital / Lusa

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