14 de abril de 2007

Jornal Fonte Nova -14 de Abril de 2007



Já lá vai o tempo em que José Maria Maurício tinha em sua casa mais de 300 canários. Hoje tem pouco mais de cem, mas a vontade de querer ultrapassar esse número ainda lhe vai na alma, embora considere que a criação de canários é uma tarefa difícil devido à dedicação e tempo que é necessário despender no seu dia-a-dia.Quem entra em casa de José Maria Maurício em Nisa, não fica indiferente à variedade e quantidade de canários que tem no terraço. Uma paixão que nasceu há uns anos atrás enquanto era emigrante em França.

Apesar de ser natural de Nisa, José Maria Maurício esteve 27 anos em terras francesas e foi aqui que, em conjunto com o cunhado, começou a fazer criação de canários. "Chegámos a ter 1200 e até entrávamos em concursos", recorda.
Quando regressou a Portugal deu continuidade a essa paixão chegando mesmo a ter em casa mais de 300 canários. Nos dias que correm tem pouco mais de cem que trata com todo o carinho e dedicação, pois "fazer disto um negócio não compensa", confessa. As mais de 50 gaiolas estão devidamente identificadas, e como está na altura da criação,

José Maria Maurício tem o cuidado de colocar em cada gaiola caixas verdes "para saber que aí se encontram canários pequenos" e caixas amarelas "para saber que têm ovo". A variedade essa é muita. Desde espécies Timbrado Espanhol, Vermelho Intenso, Vermelho Ximel, Bronze Vermelho, Malinois, Parisien, Vermelho Negro, Arlequim, e Ágata Topázio Branca, entre muitas outras.

Mas José Maria Maurício confessa que a espécie Frisard Parisien é a mais difícil de criar, uma vez que "a fêmea mete os ovos mas não os cria". No entanto, tem uma técnica que não falha e que já deu os seus frutos. "Como tenho muitos canários, tiro os ovos dos Frisard Parisien e coloco-os a criar nas outras espécies", conta, salientando que, neste momento se encontra a "apurar" a raça Vermelho Ximel.

Em gaiolas à parte, José Maria Maurício tem também alguns canários híbridos com o intuito de obter aves não só bonitas como excelentes cantadeiras. É neste sentido que este mecânico de profissão faz vários cruzamentos, nomeadamente entre canários e pintassilgos, verdilhões e canários. "Ando sempre a fazer novas experiências", manifesta este amante dos canários, apesar de considerar que "não vale a pena criar os híbridos, faço isso mais pelo canto".

O gosto que tem pelos canários fez com que o interesse em querer saber cada vez mais sobre a espécie fosse aumentando. Assim, foi comprando livros e hoje admite mesmo que "já sei muito sobre canários", revelando que o "rei do canto" é o Vermelho Intenso e o "mais vendável" o Mosaico Vermelho. Um dos "truques" que nos revelou para os canários de uma fêmea nascerem todos no mesmo dia consiste em colocar um ovo falso no ninho com a finalidade de "serem todos chocados ao mesmo tempo".
A vontade de querer mostrar a beleza dos seus canários levou José Maria Maurício a fazer-se sócio da Associação Ornitófila do Reguengo, sendo que para o ano, e pela primeira vez, vai participar em concursos no Distrito de Portalegre.


Confessando que se tivesse uma garagem grande aumentaria em muito o número de canários, José Maria Maurício salienta que a criação de canários depende de "muitas horas de dedicação". Os fins-de-semana dedica-os aos seus canários, chegando mesmo a esquecer-se das horas que passa junto deles. "É um trabalho complicado e perde-se muita criação se a gente não andar em cima dos canários", diz José Maria Maurício, sublinhando que todos os seus pássaros "têm muita saúde".
Revelando que o melhor remédio para a sobrevivência dos canários é a higiene, na medida em que "é necessário limpar e lavar muito bem as gaiolas para evitar que apanhem a doença da faca", mas também a música "para não se sentirem sozinhos", o criador declara que cada canário pode viver durante seis anos, mas isto "se não apanhar correntes de ar". Dos cerca de cem canários que tem, José Maria Maurício confessa que deixa os machos fazer criação até aos três anos de idade, porque "depois ficam muito velhos", sendo que nessa altura oferece os animais aos seus amigos, na medida em que "a beleza mantém-se". As despesas com os canários fazem sentir-se no bolso. Por mês, José Maria Maurício gasta mais de 70 euros, sendo que na altura da criação o valor "aumenta muito", porque "tenho que comprar os ovos e a papa para alimentar as fêmeas que passam muito tempo no ninho", realça.
Admitindo que os canários são a sua paixão, José Maria Maurício admite que pretende continuar a fazer criações, até porque "é algo que eu já faço desde os meus 17 anos".

Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay