Ninguém pára estas Águias

As primeiras foram levantadas na década de 60, era a Musgueira uma quinta com árvores sobre as quais voavam águias.
Em 1971, o Clube Recreativo Águias da Musgueira passou a federado. Os putos tinham crescido. Transformaram-se em homens das obras. Tinham corpo e habilidade suficientes para, depois do 25 de Abril de 1974, deitarem mãos à empreitada do próprio campo de futebol. Fizeram-se peditórios. Moedas de 10 e 20 escudos tilintaram em caixinhas. Todas juntas somaram mais de cem contos.O dinheiro bastou para que se começasse a alisar um terreno, próximo do aeroporto, antes cedido ao clube pela Câmara Municipal de Lisboa. O areão era espalhado durante o treino. “Os miúdos e, à noite, os seniores, em vez de treinarem com a bola, treinavam com as pás e com as picaretas.” Não foi só na Meia Praia da cantiga. Também na Musgueira vieram “mulheres e crianças, cada qual com o seu tijolo”. Moradores, sócios e atletas construíram o estádio em três meses. Não lhe deram o nome de nenhum deles ou de alguém ilustre. Ficou Campo dos Sacrifícios.
De:Isabel Ramos in Correio Domingo