
Os níveis elevados de dioxinas e furanos no Grande do Porto, em especial em Leça do Balio, surpreenderam os especialistas que monitorizaram os poluentes em quatro estações circundantes à LIPOR II.
revelação foi feita hoje por Paula Mata, do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento (IDAD), durante um seminário sobre dioxinas e furanos que decorreu na Universidade de Aveiro, integrado nas Jornadas sobre Segurança Ambiental nas Instalações Industriais.
«Não estávamos à espera de níveis tão elevados», comentou Paula Mata, embora salientasse que, na generalidade, os valores encontrados nas várias amostras ficaram aquém da recomendação europeia.
«Não estávamos à espera de níveis tão elevados», comentou Paula Mata, embora salientasse que, na generalidade, os valores encontrados nas várias amostras ficaram aquém da recomendação europeia.
O conjunto de amostras foi recolhido entre 1998 e 2007, sendo que parte delas são anteriores à laboração da LIPOR II, para avaliar o ambiente circundante àquela infra-estrutura.
As dioxinas são resultado de muitos processos industriais, associados à produção ou utilização de cloro e de outros produtos químicos e podem ser transportadas a longas distâncias pela acção dos ventos e dos rios.
Os furanos pertencem a um grupo químico igualmente tóxico e semelhante, que não se degrada facilmente, podendo durar mais de 30 anos no ambiente.
A ingestão é a via mais importante de transmissão daqueles poluentes ao ser humano, que pode ainda resultar através do contacto e da inalação, pelo que os investigadores se preocuparam em analisar elementos da cadeia alimentar.
Carvalhas, Gandra, Moreira e Leça do Balio foram os locais da monitorização, que incidiu sobre os solos agrícolas e culturas como o azevém, que serve de alimento ao gado, e a couve portuguesa, usada na alimentação humana, bem como sobre ovos de galinha e leite de vaca.
A estação de Leça do Balio, sem que o fenómeno esteja ainda suficientemente explicado, foi a que apresentou maiores concentrações de poluentes, em quase todo o tipo de amostras, enquanto nas outras os valores se situaram abaixo do nível recomendado pela União Europeia.
Por tipo de amostras, enquanto o azevém que alimenta o gado e a couve portuguesa respeitavam, por regra, os níveis de referência, já no que respeita aos ovos de galinha os investigadores ficaram intrigados, porque todas as estações de monitorização apresentavam valores elevados, mesmo quando a LIPOR II ainda nem existia.
Para perceber o fenómeno, foi feita a comparação com produtos oriundos de outras zonas suburbanas e rurais.
«Quase todas as amostras de zonas suburbanas ultrapassaram os limites europeus», sublinhou Paula Mata.
Para perceber o fenómeno, foi feita a comparação com produtos oriundos de outras zonas suburbanas e rurais.
«Quase todas as amostras de zonas suburbanas ultrapassaram os limites europeus», sublinhou Paula Mata.
Surpresa teve a equipa de investigação numa zona rural, com três quintas bastante próximas, em que uma delas apresentava valores de dioxinas e furanos elevados.
A explicação que encontraram é que nessa quinta as galinhas andavam à solta, e por isso mais expostas, enquanto nas outras duas estavam confinadas a galinheiros.
A explicação que encontraram é que nessa quinta as galinhas andavam à solta, e por isso mais expostas, enquanto nas outras duas estavam confinadas a galinheiros.
Já quanto ao leite de vaca, não foram encontradas grandes diferenças, excepção feita a Leça do Balio, onde, também, aí, os níveis de concentração foram muito elevados, ao contrário das outras estações.
A equipa de Paula Mata introduziu também amostras de produtos comerciais, mas nenhuma das marcas apresentou níveis de contaminação relevantes.
As Jornadas sobre Segurança Ambiental nas Instalações Industriais, em que o seminário sobre dioxinas e furanos se inseriu, foram organizadas pela Ordem dos Engenheiros (delegação centro), pelo IDAD, pela Universidade de Aveiro e pelo PACOPAR, painel que reúne representantes da sociedade civil e das empresas do complexo químico de Estarreja, hoje visitadas pelos participantes.
Diário Digital / Lusa
A equipa de Paula Mata introduziu também amostras de produtos comerciais, mas nenhuma das marcas apresentou níveis de contaminação relevantes.
As Jornadas sobre Segurança Ambiental nas Instalações Industriais, em que o seminário sobre dioxinas e furanos se inseriu, foram organizadas pela Ordem dos Engenheiros (delegação centro), pelo IDAD, pela Universidade de Aveiro e pelo PACOPAR, painel que reúne representantes da sociedade civil e das empresas do complexo químico de Estarreja, hoje visitadas pelos participantes.
Diário Digital / Lusa