Um professor do ensino superior, natural do
México mas a viver em Portugal há 21 anos, é o mais recente «inquilino»
das Hortas Urbanas de Ponte de Lima, que já têm ocupados 21 dos seus 36
lotes.
Xavier Castillo, de 49 anos, é professor
de Tecnologia Alimentar na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e
confessou que não hesitou «nem um segundo» quando teve conhecimento de
que a Câmara local disponibiliza lotes para quem estiver interessado em
cultivar a terra. Cebola, batata e morangos são as apostas imediatas
daquele docente, que pretende ainda «guardar um cantinho» para o
cultivo de ervas aromáticas.
Já teve uma primeira experiência agrícola, nos tempos em que viveu no
Algarve e a senhoria da casa onde morava lhe cedeu um «palmo de terra»
para cultivar. «Foi uma experiência que adorei e, por isso, cá estou eu
de volta à terra. Não sou um expert,
é certo, mas certamente que, com a ajuda dos meus colegas agrónomos e
dos outros proprietários de lotes, vou conseguir. E vou voltar a sentir
aquele sabor especial de ter à mesa, no meu prato, os produtos que eu
próprio cultivei», acrescentou.
A Câmara de Ponte de Lima criou, em inícios de Novembro, o projecto
Hortas Urbanas, distribuindo pelos munícipes interessados lotes de
terreno para cultivo agrícola, na Veiga do Crasto, mesmo às portas da
sede do concelho. Foi vedada uma área expressamente para a implantação
das Hortas Urbanas, que, nesta primeira fase, disponibiliza 36 lotes,
cada qual com uma área entre 40 a 45 metros quadrados.
Entre os primeiros candidatos, «há de tudo», desde um arquitecto a um
agente da PSP, que hoje mesmo confessou o «enorme prazer» que lhe dá
dedicar-se ao seu pedaço de terra. «Em vez de passar o tempo livre nos
cafés, numa vida sedentária que não faz bem a ninguém, vou até à minha
horta, contacto com a natureza, respiro ar puro e ainda cultivo
produtos para o meu próprio consumo. São só vantagens», explicou o
agente Adriano Meirim, de 52 anos e filho de agricultores.
Admite que não é mestre na matéria mas sublinha que a experiência
adquirida lhe deu algum traquejo, e hoje até já ensina aos outros
proprietários de lotes naquelas hortas algumas técnicas para tirarem o
melhor proveito das terras. Depois de 39 anos a trabalhar em França, na
construção civil, José Ribeiro Barros reformou-se, regressou a Ponte de
Lima e também agarrou com ambas as mãos a oportunidade que a Câmara lhe
deu para se dedicar à agricultura. «Quer melhor passatempo que este?» -
questionava, enquanto deitava uma olhar sobre a sua plantação de
nabiças, couves e morangos.
Além do lote de terreno, o município disponibiliza também um ponto de
água para a rega das culturas, um abrigo comum para armazenamento dos
utensílios agrícolas e um espaço para compostagem ou colocação de
estrumes. Fornece ainda informação sobre os modos de produção e
práticas culturais ambientalmente correctas.
«A ideia é apelar às boas práticas agrícolas, no âmbito da
agricultura biológica, e a iniciativa está a revelar-se um êxito»,
disse a vereadora do Ambiente na Câmara de
Ponte de Lima. Segundo
Estela Almeida, a área disponibilizada para as hortas urbanas pode ser
ampliada, no futuro, caso a procura o justifique.