12 de janeiro de 2010

Um exemplo ....





















Um professor do ensino superior, natural do México mas a viver em Portugal há 21 anos, é o mais recente «inquilino» das Hortas Urbanas de Ponte de Lima, que já têm ocupados 21 dos seus 36 lotes.
Xavier Castillo, de 49 anos, é professor de Tecnologia Alimentar na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e confessou que não hesitou «nem um segundo» quando teve conhecimento de que a Câmara local disponibiliza lotes para quem estiver interessado em cultivar a terra. Cebola, batata e morangos são as apostas imediatas daquele docente, que pretende ainda «guardar um cantinho» para o cultivo de ervas aromáticas. 



Já teve uma primeira experiência agrícola, nos tempos em que viveu no Algarve e a senhoria da casa onde morava lhe cedeu um «palmo de terra» para cultivar. «Foi uma experiência que adorei e, por isso, cá estou eu de volta à terra. Não sou um expert, é certo, mas certamente que, com a ajuda dos meus colegas agrónomos e dos outros proprietários de lotes, vou conseguir. E vou voltar a sentir aquele sabor especial de ter à mesa, no meu prato, os produtos que eu próprio cultivei», acrescentou.
A Câmara de Ponte de Lima criou, em inícios de Novembro, o projecto Hortas Urbanas, distribuindo pelos munícipes interessados lotes de terreno para cultivo agrícola, na Veiga do Crasto, mesmo às portas da sede do concelho. Foi vedada uma área expressamente para a implantação das Hortas Urbanas, que, nesta primeira fase, disponibiliza 36 lotes, cada qual com uma área entre 40 a 45 metros quadrados.
Entre os primeiros candidatos, «há de tudo», desde um arquitecto a um agente da PSP, que hoje mesmo confessou o «enorme prazer» que lhe dá dedicar-se ao seu pedaço de terra. «Em vez de passar o tempo livre nos cafés, numa vida sedentária que não faz bem a ninguém, vou até à minha horta, contacto com a natureza, respiro ar puro e ainda cultivo produtos para o meu próprio consumo. São só vantagens», explicou o agente Adriano Meirim, de 52 anos e filho de agricultores.
Admite que não é mestre na matéria mas sublinha que a experiência adquirida lhe deu algum traquejo, e hoje até já ensina aos outros proprietários de lotes naquelas hortas algumas técnicas para tirarem o melhor proveito das terras. Depois de 39 anos a trabalhar em França, na construção civil, José Ribeiro Barros reformou-se, regressou a Ponte de Lima e também agarrou com ambas as mãos a oportunidade que a Câmara lhe deu para se dedicar à agricultura. «Quer melhor passatempo que este?» - questionava, enquanto deitava uma olhar sobre a sua plantação de nabiças, couves e morangos.
Além do lote de terreno, o município disponibiliza também um ponto de água para a rega das culturas, um abrigo comum para armazenamento dos utensílios agrícolas e um espaço para compostagem ou colocação de estrumes. Fornece ainda informação sobre os modos de produção e práticas culturais ambientalmente correctas.
«A ideia é apelar às boas práticas agrícolas, no âmbito da agricultura biológica, e a iniciativa está a revelar-se um êxito», disse a vereadora do Ambiente na Câmara de Ponte de Lima. Segundo Estela Almeida, a área disponibilizada para as hortas urbanas pode ser ampliada, no futuro, caso a procura o justifique.

Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay