Lisboa acolhe em maio o primeiro FESTin - Festival Itinerante da Língua Portuguesa, que pretende incentivar uma maior cooperação entre os países do espaço lusófono na produção cinematográfica.
A ideia é «mostrar as realidades dentro da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], o que acontece, quais os desníveis na oportunidade de produzir. A nossa intenção é juntar todos os países e conseguir uma maior cooperação para que todos possam ter oportunidade» de fazer mais cinema, disse à agência Lusa Adriana Niemeyer, uma das organizadoras do festival.
O festival abrirá com a longa-metragem «O jardim de outro homem», do moçambicano Sol de Carvalho, que marcará presença em Lisboa.
Terceira longa-metragem de Sol de Carvalho e considerado o filme mais caro de sempre do cinema moçambicano, «O jardim de outro homem» conta a história de uma jovem de um bairro suburbano de Maputo que sonha tirar o curso de Medicina.
No encerramento será exibido o documentário «Contratempo», a estreia da actriz brasileira Malu Mader como realizadora
O filme retrata o projecto Villa-Lobinhos, através do qual se ensina música clássica a jovens carentes de favelas do Rio de Janeiro. No total serão cerca de 40 filmes do espaço lusófono, sabendo que é difícil encontrar «novas realizações» em «países mais carentes», como São Tomé e Príncipe ou Timor-Leste, alertou Adriana Niemeyer.
Haverá ainda curtas-metragens de Timor-Leste, co-produções entre Portugal e Angola e produções brasileiras.
Destaque ainda para «Terra Sonâmbula», de Teresa Prata a partir de um texto de Mia Couto, «Contract», de Guenny Pires, «O lendário Tio Liceu e os Ngola Ritmos», de Jorge António (que estará em Lisboa), e «Luanda, a fábrica da música», de Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves.
Para incentivar mais co-produções entre os países da CPLP, a organização irá atribuir um prémio de cinco mil euros em material técnico para o realizador da melhor longa-metragem. Para esta primeira edição, a organização escolheu filmes que se relacionem com a temática da inclusão social.
«Tentamos buscar muitos filmes que são feitos por realizadores mais amadores que estão concorrendo e que mostram as realidades sociais dos países, em moçambique a questão da Sida, aqui em Portugal a questão dos jovens das periferias», exemplificou Adriana Niemeyer.
Estão ainda previstos dois workshops durante o festival, um dos quais sobre produção de documentários para televisão, por Claufe Rodrigues, realizador da Rede Globo.
«É difícil entrar num circuito comercial e o festival pode ser um chance de representar todas as pessoas que querem mostrar a sua realidade através da sétima arte», sublinhou a responsável.
Sendo itinerante, esta mesma programação do primeiro FESTin deverá ser exibida no segundo semestre deste ano num país africano, ainda a desigO FESTin insere-se ainda na terceira edição da Semana Cultural da CPLP - Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa, que começa na sexta-feira em Lisboa.
Diário Digital / Lusa