4 de fevereiro de 2014

Experiência confirma teoria sobre por que pássaros voam em V

http://www.standard.net/stories/2014/01/15/study-shows-birds-flying-formation-flap-together

 

Pássaros com a mesma plumagem podem voar juntos, mas nunca se soube com certeza por que voam em formações em V. 

Observando 14 íbis-calvos-do-norte - equipados com sensores - numa migração de 960 quilómetros da Áustria até à Toscana, no norte de Itália, investigadores mostraram que a formação ajuda as aves a economizar energia.


Os cientistas relataram na revista Nature que os íbis posicionavam-se em locais que eram ideais do ponto de vista aerodinâmico, permitindo que aproveitassem os remoinhos de ar ascendente gerados pelas asas dos pássaros à frente. O líder, o íbis que está na dianteira do grupo, não beneficia do empuxo, mas essa posição é revezada.


As aves usavam recolectores de dados, feitos sob medida, que permitiam que os cientistas acompanhassem o bater de asas, a velocidade e a direcção. Pesando menos de 30 gramas, os dispositivos incluíam um acelerómetro, um giroscópio, um magnetómetro, um cartão de memória, uma bateria, um microcontrolador e uma unidade de GPS, «muito melhores que os de um iPhone», disse Jim Usherwood, do Real Colégio de Veterinária de Inglaterra.

«Há dez anos, isso não teria sido possível em termos de tamanho e frequência de amostragem», disse Steven J. 
Portugal, pesquisador na mesma instituição.
O hardware e o software para analisar os conjuntos de dados são «os grandes avanços, permitindo a observação de comportamentos de animais sob condições naturais», disse Andrew A. Biewener, director da Estação Concord Field da Universidade Harvard e professor de biologia evolucionária, que não participou do estudo.

Os investigadores analisaram as posições das aves durante sete minutos de voo e compararam essas observações com previsões teóricas geradas por modelos aerodinâmicos.
Os remoinhos de ar ascendentes, chamados vórtices de ponta, são um subproduto do voo alado, segundo Kenny Breuer, professor na escola de engenharia e professor de ecologia e biologia evolucionária na Universidade Brown em Providence (EUA). 
Com David Willis e outros colegas, ele desenvolveu as previsões. Enquanto as asas empurram o ar para baixo para gerar empuxo, outro ar se ergue à direita e à esquerda das asas, formando os vórtices. As asas de aviões também os produzem, e às vezes podemos vê-los como rastos de vapor.

Mas o rasto de uma ave é mais complexo que o de um avião. «A força desses vórtices de ponta varia durante a fase do bater das asas», disse Breuer. «Existe uma posição favorita em que a ave quer voar e uma fase favorita em que ela quer bater as asas para tirar vantagem da ave que está na dianteira do grupo.»
Uma análise de 24 mil batidas de asa mostrou que os íbis adaptavam a posição e a fase de asa para optimizar o empuxo dos vórtices, reajustando essas fases quando mudavam de posições dentro do V. 
O novo estudo não diz quanta energia os íbis economizaram com essas manobras, mas pequenos ganhos podem ser úteis em longas migrações, segundo os especialistas.
Outra questão em aberto é como as aves sabem voar nesses lugares ideais. Usherwood disse que os pássaros podem ter «bons sensores e adaptar-se para encontrar locais que parecem bons.
Quanto aos íbis, chegaram à Toscana em Setembro de 2011
in diário digital 

Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay