Enquanto os seres humanos podem se perder no espaço de dois segundos e a dois passos da casa, as aves marinhas voam durante dias e noites sobre os oceanos, encontram a sua refeição favorita e regressam para o seu ninho sem nunca se perder.
Estudos prévios já demonstraram a capacidade dessas aves para localizar as suas colónias de reprodução, muitas vezes localizadas em pequenas ilhas perdidas no mar, graças a odores transportados pelo vento.
Investigadores portugueses, ingleses e italianos avançaram um pouco mais na solução deste mistério que fascina cientistas há décadas: as aves marinhas, como os albatrozes, os petréis e as pardelas usam algum tipo de odor para se orientar através da imensidão azul sem referência visual.
Os cientistas analisaram os modelos de voo de 210 aves pertencentes a três espécies de cagarras, com a ajuda de gravadores de GPS durante o período de incubação e criação dos filhotes.
Com base nessas análises de voo e dados estatísticos, os pesquisadores demonstram que as aves marinhas são guiadas pelo seu sentido de cheiro e navegam usando uma imagem mental de cheiros locais, transportados pelos ventos locais.
«O acordo entre as previsões teóricas e as observações foram chocantes, uma grande surpresa», explicou o britânico Andrew Reynolds do Instituto de Pesquisas Rothamsted, um dos principais autores deste trabalho.
O dimetilssulfito - que vem em grande parte do plâncton em suspensão na água - ou de outros odores típicos dos locais podem formar uma paisagem olfactiva. E essas aves, que vivem um longo tempo, pode aprender a memorizar esses cheiros.
«As nossas descobertas põem fim a 40 anos de debate sobre a navegação das aves», afirmou Andy Reynolds.