A constatação é da associação ambientalista Zero, que está desde o final da tarde de quinta- feira a fazer medições à poluição sonora provocada pelo movimento dos aviões que descolam e aterram no aeroporto de Lisboa.
O Plano de Ações de Redução de Ruído 2018-2023 da ANA aeroportos ainda não foi aprovado. Em 2016, estimava-se que 57 mil residentes em Lisboa eram afetados pelo ruído do aeroporto e este número tem vindo a aumentar.
Entre as 23h00 de ontem e as 7h00 da manhã desta sexta-feira, “o nível de poluição sonora provocado pelo movimento dos aviões que aterram e descolam do aeroporto da Portela revelou estar quatro vezes acima do previsto na lei”, indica ao Expresso o dirigente da Zero, Francisco Ferreira.
As medições feitas pela associação ambientalista no Campo Grande, em Lisboa, indicam que, em vez dos 55 decibéis (dB) de ruído máximo permitido legalmente durante o período noturno, foi registado um valor médio de 66,5 dB, ou seja mais 11dB. "Em escala logarítmica isto significa quatro vezes mais do que o permitido legalmente”, reforça o engenheiro ambiental. Francisco Ferreira lembra também que o limite máximo de 26 movimentos no período entre as 24h00 e as 06h00 (incluído num regime de excepção criado desde 2004) também foi ultrapassado, já que se registaram 28 aterragens ou descolagens durante essas seis horas.
Esta ação dos ambientalistas insere-se numa campanha a que a Zero deu o nome “Décibeis a mais, o inferno nos céus”, e que pretende “alertar e sensibilizar” os cidadãos e as autoridades para o ruído dos aviões e o seu impacto na cidade de Lisboa, “numa altura em que o Governo português pretende ampliar de forma muito significativa a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.
Os resultados finais desta campanha serão divulgados este sábado , mas a medição em contínuo está a ser transmitida por streaming para a página de Facebook da ZERO.
Os resultados finais desta campanha serão divulgados este sábado , mas a medição em contínuo está a ser transmitida por streaming para a página de Facebook da ZERO.
PLANO DE AÇÃO DO RUÍDO POR APROVAR. MAIS DE 57 MIL LISBOETAS AFETADOS
Entretanto, continua por aprovar o “Plano de Ações de Redução de Ruído 2018-2023”, entregue pela ANA Aeroportos no ano passado e que aguarda a avaliação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Em fevereiro, esta autoridade disse ao Expresso que estava a analisar os relatórios entregues pela ANA e previa que o plano fosse aprovado “até ao final do primeiro semestre de 2019”. E questionada agora sobre o que é aconteceu ao plano, nem a APA, nem a ANA deram respostas em tempo útil para este artigo.
Com base nos dados disponibilizados sobre a poluição sonora provocada pelas aterragens e descolagens do Aeroporto Humberto Delgado em 2016, a APA estimava que o ruído dos aviões acima da lei afetava mais de 57 mil residentes em Lisboa, durante a noite, o que representava mais do triplo face ao registado em 2011.
A autoridade ambiental chegou a esta conclusão com base nos mapas de ruído e no Plano de Ação 2013-2018 disponibilizados pela ANA Aeroportos. Estes indicavam que “o número de voos duplicou no período noturno com consequente acréscimo da área afetada”, que passou “de cinco quilómetros quadrados para 13 quilómetros quadrados” em cinco anos. “Regra geral”, explicaram então ao Expresso técnicos da APA, este aumento “resulta da extensão em comprimento do campo sonoro gerado pelo sobrevoo das aeronaves ao longo das rotas de descolagem e aterragem e com menor expressão da extensão em largura desse campo sonoro”.
Estas rotas tinham alargado 1,7 quilómetros para Sul, abrangendo parte de Campo de Ourique até ao cemitério dos Prazeres; e 2,6 quilómetros para Norte, até ao Bairro das Maroitas, em Loures.Entre 2016 e 2018 os movimentos totais no aeroporto de Lisboa cresceram perto de 17% (de 182.148 para 213.712 aterragens e descolagens). Sem revelar dados atualizados, a APA e a ANA admitiam, então, que o número de residentes afetados teria aumentado. Em 2018, a ANA registou uma média de 38 movimentos por hora e espera chegar aos 48 a partir de 2020. Ou seja, com a ampliação do aeroporto haverá um aumento de 26% de aviões a aterrar ou descolar na capital a cada 60 minutos.A Zero exige que esta expansão seja submetida a avaliação de impacto ambiental e avançou com uma ação judicial para que isso seja feito no âmbito de uma avaliação ambiental estratégica que abranja o projeto de aeroporto no Montijo. Na altura, o presidente da APA, Nuno Lacasta disse ao Expresso que “a sujeição ou não sujeição a Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projeto de ampliação do aeroporto de Lisboa será aferida em tempo útil”. Essa decisão ainda não é pública, mas o Expresso sabe que a APA contestou judicialmente a ação.
Estas rotas tinham alargado 1,7 quilómetros para Sul, abrangendo parte de Campo de Ourique até ao cemitério dos Prazeres; e 2,6 quilómetros para Norte, até ao Bairro das Maroitas, em Loures.Entre 2016 e 2018 os movimentos totais no aeroporto de Lisboa cresceram perto de 17% (de 182.148 para 213.712 aterragens e descolagens). Sem revelar dados atualizados, a APA e a ANA admitiam, então, que o número de residentes afetados teria aumentado. Em 2018, a ANA registou uma média de 38 movimentos por hora e espera chegar aos 48 a partir de 2020. Ou seja, com a ampliação do aeroporto haverá um aumento de 26% de aviões a aterrar ou descolar na capital a cada 60 minutos.A Zero exige que esta expansão seja submetida a avaliação de impacto ambiental e avançou com uma ação judicial para que isso seja feito no âmbito de uma avaliação ambiental estratégica que abranja o projeto de aeroporto no Montijo. Na altura, o presidente da APA, Nuno Lacasta disse ao Expresso que “a sujeição ou não sujeição a Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do projeto de ampliação do aeroporto de Lisboa será aferida em tempo útil”. Essa decisão ainda não é pública, mas o Expresso sabe que a APA contestou judicialmente a ação.