Há 50 anos que os cientistas tentavam confirmar essa proeza. Agora, uma equipa internacional de biólogos, que publicam os resultados do seu trabalho na revista britânica Biology Letters, está convencida de ter encontrado «provas irrefutáveis».
«Esta é uma das mais longas viagens directas sobre a água registadas para um pássaro», explicou um dos autores do estudo, Bill DeLuca, em comunicado divulgado pela Universidade de Massachusetts em Amherst.
O pássaro vive geralmente nas florestas boreais do Canadá e dos EUA entre a Primavera e o Outono. Em seguida, voa para as Grandes Antilhas ou as costas ao norte da América do Sul para o seu período de hibernação.
Para obter detalhes sobre a trajectória de migração, os pesquisadores instalaram geolocalizadores em miniatura pesando 0,5 grama em 40 aves desta espécie entre Maio e Agosto de 2013: 20 partindo de Vermont e 20 da Nova Escócia (Canadá).
Usando dados recolhidos de cinco aves capturadas quando regressavam para a América do Norte, os cientistas descobriram que as mariquitas-de-perna-clara percorrem entre 2270 a 2770 quilómetros para um voo que dura entre 2,5 a 3 dias.
«Foi surpreendente acompanhar essas aves porque o próprio percurso migratório é quase impossível», afirmou DeLuca.
Os pássaros «reabastecem-se o máximo possível e, em alguns casos, chegam a dobrar de peso» para se preparar para a viagem, comentou o pesquisador Ryan Norris, da Universidade de Guelph (Canadá), citado no comunicado.
«Não há dúvida de que a mariquita-de-perna-clara realiza uma das migrações mais ousadas da Terra», acrescentou.