Num extenso olival
Verdes ramos despontam
Anunciando farta colheita
De azeitona preta "bical".
Um som alegre, palrante
Invande o frondoso arvoredo
Que um absorto passeante
Descreve com enredo.
Eis senão quando, uma simpática cotovia
Se aproxima de uma vigia
Onde um menino havia
E oferece a sua companhia
Para um passeio na pradaria.
Estremunhado com a luz do dia
Aceita contudo o que ouvia
E aposta na sabedoria
Dessa alegre melodia
Correndo, desce a escadaria
E à entrada da portaria
Esperava-o a cotovia
Com um sorriso de alegria.
E lado a lado percorriam
Debaixo do sol do meio-dia
A beleza que a natureza cria.
Parcelas de pousio
Alternadas com as de regadio
Num constante desafio.
Um campo de trigo amadurecia
Para regalo de quem o via
Numa planície que se despia
Dos grãos que a terra comia.
Tenho sede, exclama o menino!
Eu também, acena a cotovia!
E o sol do meio-dia ...
Atento à cortesia
Lança gotas de magia
Que enchem uma enorme pia
Toda ela em cantaria.
O tempo corre
E o vento assobia
O sol vai descendo
E as borboletas recolhendo
Na vila de Pavia.
Um tronco de azinho
Suculento de seiva
Vai aquecendo a lareira
De uma casa na ladeira.
O dia despede-se
Como o fogo a murmurar
Palavras de embalar.
Agasalha-te menino
Boa-noite cotovia.
Maria Rua
20 de Setembro de 2006