


Cerca de 30% espécies animais e vegetais em risco desaparecer
Cerca de 20 a 30% das espécies vegetais e animais correm o risco de desaparecer se o aumento da temperatura mundial for entre 1,5 e 2,5 graus centígrados, foi hoje anunciado por peritos em Bruxelas.
O Painel Intergovernamental para a Evolução do Clima (Giec), reunido na capital belga, acrescentou que as populações pobres, mesmo em sociedades prósperas, são as mais vulneráveis às mudanças climáticas.
«Cerca de 20 a 30% das espécies vegetais e animais conhecerão um risco crescente de extinção se os aumentos da temperatura mundial passarem de 1,5 para 2,5 graus centígrados» relativamente a 1990, indica o Giec no seu relatório sobre os impactos da mudança climática.
«Há hoje em todos os continentes sinais da mudança climática que afectam os animais e as plantas e nós temos as provas disso», sublinhou Martin Perry, co-presidente do grupo de trabalho do Giec sobre os impactos do aquecimento, que falava numa conferência de imprensa.
Segundo Perry, mais de 29.000 dados foram recolhidos para estabelecer esta nova versão do relatório do Giec, consagrado aos impactos do aquecimento.
A temperatura mundial já aumentou 0,74 graus num século, com lugares com aumentos pontuais de temperatura três vezes superiores a esta média.
De acordo com este relatório do Giec, a temperatura média da terra poderá aumentar 1,1 graus, atingindo os 6,4 graus até 2100 em relação a 1990, com «uma melhor média possível» de dois a quatro graus face aos cenários sócio-económicos previsíveis.
As populações pobres, mesmo em sociedades prósperas, são as mais vulneráveis à mudança climática, de acordo com as conclusões do relatório do Grupo Intergovernamental de peritos, publicado hoje.
«Isto requer a nossa atenção, porque os mais pobres são também os menos aptos à adaptação», comentou o presidente do Giec, Rajendra Pachauri, ao apresentar as conclusões dos peritos em Bruxelas após uma maratona de negociações durante toda a noite.
Investigadores de mais de uma centena de países integrados no Painel Intergovernamental da Mudança Climática (Giec) aprovaram hoje em Bruxelas o relatório sobre a vulnerabilidade e o impacto que este processo terá no ambiente e na sociedade.
De acordo com fontes da reunião, a Rússia, a China e a Arábia Saudita foram os países que fizeram retardar a concretização do acordo ao questionarem partes deste.
É a segunda reunião do painel intergovernamental, após o encontro em Paris de Fevereiro passado.
Está previsto que o painel volte a reunir-se em Banguecoque e Valença, em Novembro, onde será apresentada uma síntese do seu trabalho para remeter aos governos.
A publicação do relatório chegou a estar em risco, segundo anunciou hoje de manhã um porta-voz do Giec, esclarecendo que a negociação estava bloqueada por razões políticas.
A conferência de imprensa prevista para hoje pelo Grupo Intergovernamental esteve para ser adiada, uma vez que vários países contestavam parágrafos chave do «resumo das intenções de decisão» do relatório do Giec.
A China, a Arábia Saudita, a Rússia e os Estados Unidos eram os principais países a «fazer obstrução», de acordo com vários delegados.
O relatório, com um total de 1.400 páginas, destina-se a esclarecer os governos do planeta sobre os aspectos científicos, económicos e humanos do aquecimento global.
Diário Digital / Lusa
06-04-2007 12:42:00