

Lura, Mayra Andrade, Sara Tavares – os novos álbuns das mais importantes novas cantoras cabo-verdianas chegaram ao mesmo tempo. António Pires esteve a ouvi-los. Durante os anos 70, 80 e 90, as maiores embaixadoras da música caboverdiana foram Cesária Évora, Titina, Celina Pereira, Ana Firmino, Herminia ou Teté Alhinho (nos Simentera ou a solo). Todas elas com uma obra discográfica extraordinária, principalmente se pensarmos que são de um país pobre, africano, periférico e insular. E se pensarmos, igualmente, que o alargamento do circuito da chamada world music só aconteceu dez ou 20 anos depois de terem começado a sua carreira. Agora, abertas que estão as portas do mundo à música de Cabo Verde, três novas cantoras têm emergido, também com inteira justiça: Lura, Sara Tavares e Mayra Andrade. Têm em comum com as da geração anterior o mesmo amor pela música de raiz caboverdiana mas, em todas elas, com vista para outras músicas.
Comecemos por Lura: iniciando a carreira com uma ligação óbvia a Cabo Verde mas também seduzida por géneros norte-americanos, Lura acertou em cheio com o caminho a seguir nos álbuns Di Korpu Ku Alma e M’bem di Fora, onde pegou em géneros tradicionais caboverdianos para os unir com consistência a estilos exteriores. No novo Eclipse (Tumbao/ Lusáfrica), Lura continua a mesma via mas com uma consistência e coerência ainda maiores.
Interpretando temas de compositores como Mário Lúcio, Toy Vieira, Orlando Pantera ou B.Leza, a cantora tem neste álbum momentos absolutamente fabulosos como o festivo batuque de “Tabanka”, a morna (enfeitada, e tão bem!, com guitarra portuguesa) “Eclipse”, “Maria” (com uma guitarra eléctrica deliciosa que vai ao zouk, ao highlife e à marrabenta) ou o surpreendente electro-tango de “Canta um Tango”. É o melhor disco deste lote.
A seguir, Sara Tavares. Outro exemplo de uma cantora (e compositora) que se aproximou gradualmente da música das suas raízes, ela chega a Xinti (Word Connection/Megamúsica) com um léxico musical e lírico perfeitamente apurado, em que a sua paixão pelo gospel, soul, funk e reggae – e a sua aproximação aos géneros cabo-verdianos – é tão personalizada que já não se reconhece facilmente o que está na base de cada uma destas canções. São músicas dela, só dela, e isso é bom.
Comecemos por Lura: iniciando a carreira com uma ligação óbvia a Cabo Verde mas também seduzida por géneros norte-americanos, Lura acertou em cheio com o caminho a seguir nos álbuns Di Korpu Ku Alma e M’bem di Fora, onde pegou em géneros tradicionais caboverdianos para os unir com consistência a estilos exteriores. No novo Eclipse (Tumbao/ Lusáfrica), Lura continua a mesma via mas com uma consistência e coerência ainda maiores.
Interpretando temas de compositores como Mário Lúcio, Toy Vieira, Orlando Pantera ou B.Leza, a cantora tem neste álbum momentos absolutamente fabulosos como o festivo batuque de “Tabanka”, a morna (enfeitada, e tão bem!, com guitarra portuguesa) “Eclipse”, “Maria” (com uma guitarra eléctrica deliciosa que vai ao zouk, ao highlife e à marrabenta) ou o surpreendente electro-tango de “Canta um Tango”. É o melhor disco deste lote.
A seguir, Sara Tavares. Outro exemplo de uma cantora (e compositora) que se aproximou gradualmente da música das suas raízes, ela chega a Xinti (Word Connection/Megamúsica) com um léxico musical e lírico perfeitamente apurado, em que a sua paixão pelo gospel, soul, funk e reggae – e a sua aproximação aos géneros cabo-verdianos – é tão personalizada que já não se reconhece facilmente o que está na base de cada uma destas canções. São músicas dela, só dela, e isso é bom.
Acompanhada por uma equipa de luxo (no disco estão João Paulo Esteves da Silva, Rão Kyao, Jon Luz, N'du, José Salgueiro...), Sara Tavares não tem em Xinti momentos tão brilhantes quanto em Balancê, mas atinge um pico de coerência artística e autoral.
Finalmente, e para não repetir o que se escreveu há pouco a propósito do seu concerto no CCB, refira-se que Mayra Andrade conseguiu em Stória, Stória (Sony) superar a difícil etapa do segundo álbum – e mais difícil ainda para quem tem um primeiro álbum absolutamente brilhante – e voltar a surpreender. Nela, o que é música caboverdiana e o que é o resto (som cubano, música brasileira, jazz...) ainda se notam, mesmo que misturado, mas não será assim por muito tempo.
terça-feira, 16 de Junho de 2009
Finalmente, e para não repetir o que se escreveu há pouco a propósito do seu concerto no CCB, refira-se que Mayra Andrade conseguiu em Stória, Stória (Sony) superar a difícil etapa do segundo álbum – e mais difícil ainda para quem tem um primeiro álbum absolutamente brilhante – e voltar a surpreender. Nela, o que é música caboverdiana e o que é o resto (som cubano, música brasileira, jazz...) ainda se notam, mesmo que misturado, mas não será assim por muito tempo.
terça-feira, 16 de Junho de 2009