1 de julho de 2009

Um festival ao seu dispor




O Festival de Teatro de Almada arranca este sábado com uma encenação de As Criadas pelaVolksbühne de Berlim. No total são 27 peças, contou Ana Dias Ferreira.
Para a Santíssima Trindade do grande teatro alemão estar completa em Portugal, só faltava a vinda de uma companhia: a Volksbühne de Berlim. Depois das estreias da Schaubühne e do Berliner Ensemble, que no ano passado trouxe uma encenação memorável do Peer Gynt por Peter Zadek, o Festival de Almada completa o triângulo com o espectáculo As Criadas, uma encenação de Luc Bondy do famoso texto de Jean Genet.
E fechado o triângulo, fica claro porque é que Berlim é considerada actualmente como a capital do teatro contemporâneo e de vanguarda.
Die Zofen, As Criadas, estreia-se este sábado no Teatro Municipal de Almada e corresponde ao arranque do festival que comemora este ano 25 anos e se prolonga até dia 18 de Julho, espalhado por vários palcos nas duas margens. A peça conta a história de duas criadas que se entretêm a imaginar como vão assassinar a patroa, representando grotescamente – mascaradas e tudo – como vão levar a cabo o assassínio.
A encenação é do suíço Luc Bondy e conta com a interpretação da actriz Edith Clever no papel da patroa.
No total, do Festival fazem parte 27 espectáculos, divididos em 15 produções estrangeiras e 12 portuguesas.
Todas as peças vindas de fora são legendadas em português. “O ano em que se comemoram os 25 anos é, curiosamente, aquele em que há uma grande renovação”, diz Joaquim Benite, director artístico do festival. “Das companhias estrangeiras que cá vêm, 12 estão pela primeira vez no festival.”
Tal opção está relacionada com o próprio espírito do ciclo, que nasceu num beco na velha zona de Almada, em Julho de 1984 , e que nos anos seguintes se foi afirmando como um festival internacional com a responsabilidade de apresentar uma série de companhias estrangeiras ao público português. “Tentamos fazer coincidir grandes espectáculos, espectáculos incontroversos, com propostas de risco”, diz Joaquim Benite. Este ano há nove estreias, incluindo uma mundial, a do espectáculo Zerline, de Robert Cantarella, que no ano passado veio encenar Hippolyte.
Outro destaque desta 26ª edição vai para dois regressos aguardados: o da companhia tg. Stan (dia 11 e 12 os belgas apresentam na Culturgest of/niet), e o do encenador Matthias Langhoff, que depois de À Espera de Godot, de Samuel Beckett, encena agora, dia 13 e 14 no Teatro de Almada, Deus como Paciente – Assim Falava Isidore Ducasse, uma adaptação dos Contos de Maldoror que recebeu largos elogios na imprensa francesa. A revista Les Inrockuptibles disse, por exemplo, que se trata de “um espectáculo em forma de turbilhão, vertiginoso, estonteante, fascinante, e do qual se sai embasbacado”.
Entre as criações nacionais, destaca-se a apresentação de Quarto Interior, espectáculo da companhia portuense Circolando que foi eleito Espectáculo de Honra (o preferido da edição do ano passado), e a estreia de Demo, um musical do Teatro Praga que promete explodir no palco do São Luiz, tal como aconteceu com a criação anterior da companhia, Turbo-Folk. Para além dos espectáculos, o festival inclui uma série de actividades paralelas, desde conferências a workshops e exposições. A personalidade homenageada este ano é o actor Ruy de Carvalho. O festival arranca este sábado e prolonga-se até 18 de Julho. Bilhetes de 5 a 20€, assinatura para todos os espectáculos de 30 a 60€ .
Programação em http://www.ctalmada.pt/.


Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay