19 de julho de 2012

Radiação de Fukushima pode ainda ser responsável por mais de mil mortes

 

De acordo com os pesquisadores, o número de casos de câncer não letais relacionados ao acidente pode chegar a 2,5 mil, e levar a até 1,3 mil mortes. “Não vai haver zero mortes. Não vai haver dezenas de milhares de mortes também, mas não é uma coisa trivial”, afirmou Mark Z. Jacobson, coautor do estudo.

Segundo ele, a maior parte dos atingidos deve ser de idosos e crianças. “Não vão ser apenas os idosos ficando doentes. Os menores são mais suscetíveis a alguns desses cânceres – há a preocupação de que muitos desses casos possam ser em crianças.”

Outras estimativas, no entanto, sugerem que possa haver muitos milhares de mortes, e Jacobson admite que ainda é necessário avaliar os efeitos sob outros aspectos. “Essa incerteza é principalmente em função de três coisas: a dose de radiação recebida, onde a população estava concentrada, e descobrir exatamente a que a população estava exposta. Temos que fazer muitas estimativas diferentes para isso”, declarou.

Porém, a maior probabilidade é de que a doença atinja 180 pessoas, uma vez que é estimado que 81% da radiação teria sido dispersada no oceano. O acidente já teria provocado cerca de 600 mortes.

“De certa forma, foi um incidente de sorte por causa de onde estava a locação – apenas 19% da [radiação] ficou na terra. Poderia ter sido muito pior se os ventos tivessem soprado diferentemente. Os casos de câncer seriam até dez vezes mais frequentes se a radiação não tivesse sido absorvida pelo mar. Vários factores meteorológicos ajudaram a evitar uma tragédia ainda maior”, disse o cientista.
Jacobson e o outro coautor, Jon Tem Hoeve, usaram dados climáticos e atmosféricos, assim como estimativas de emissões nucleares do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBTO), para criar o modelo.
Embora quase todas as vítimas devam ser do Japão, o coautor da pesquisa reconheceu que pode haver alguns casos isolados de câncer em outros países próximos. O evento é considerado o pior desastre atômico desde Chernobyl em 1986, e Jacobson lembrou que nenhum cálculo pode expressar a extensão do acidente nuclear.

“Há muito mais sobre esse assunto do que sobre o que examinamos, que foram os efeitos na saúde relacionados ao câncer. Fukushima foi um desastre muito grande em termos de contaminação do solo e da água, de deslocamento de vidas”, concluiu.

18/07/2012   -   Autor: Fabiano Ávila e Jéssica Lipinski   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

 
This study quantifies worldwide health effects of the Fukushima Daiichi nuclear accident on 11 March 2011. Effects are quantified with a 3-D global atmospheric model driven by emission estimates and evaluated against daily worldwide Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty Organization (CTBTO) measurements and observed deposition rates. Inhalation exposure, ground-level external exposure, and atmospheric external exposure pathways of radioactive iodine-131, cesium-137, and cesium-134 released from Fukushima are accounted for using a linear no-threshold (LNT) model of human exposure. Exposure due to ingestion of contaminated food and water is estimated by extrapolation. We estimate an additional 130 (15–1100) cancer-related mortalities and 180 (24–1800) cancer-related morbidities incorporating uncertainties associated with the exposure–dose and dose–response models used in the study. We also discuss the LNT model's uncertainty at low doses. Sensitivities to emission rates, gas to particulate I-131 partitioning, and the mandatory evacuation radius around the plant are also explored, and may increase upper bound mortalities and morbidities in the ranges above to 1300 and 2500, respectively. Radiation exposure to workers at the plant is projected to result in 2 to 12 morbidities. An additional [similar]600 mortalities have been reported due to non-radiological causes such as mandatory evacuations. Lastly, a hypothetical accident at the Diablo Canyon Power Plant in California, USA with identical emissions to Fukushima was studied to analyze the influence of location and seasonality on the impact of a nuclear accident. This hypothetical accident may cause [similar]25% more mortalities than Fukushima despite California having one fourth the local population density due to differing meteorological conditions.

Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay