Relatório da agência nuclear japonesa condena futuro da central de Tsuruga, numa altura em que o Governo pretende relançar a produção de energia atómica, quase paralisada desde o acidente de Fukushima.
Uma falha sísmica ativa existente sob o
local onde está instalado um dos dois reatores da central nuclear
japonesa de Tsuruga, na zona oeste central do país, torna praticamente
impossível o regresso à atividade da central. A notícia foi revelada
hoje pela agência nuclear japonesa, que concorda com a conclusão de um
estudo que dá conta que um sismo pode ocorrer a qualquer momento e
causar um acidente de consequências trágicas.
Num país ainda mal refeito do desastre nuclear de Fukushima, ocorrido a 11 de março de 2011, a divulgação deste relatório põe em causa o regresso da central de Tsuruga à atividade, falando-se até no quase inevitável desmantelamento da unidade.
Num país ainda mal refeito do desastre nuclear de Fukushima, ocorrido a 11 de março de 2011, a divulgação deste relatório põe em causa o regresso da central de Tsuruga à atividade, falando-se até no quase inevitável desmantelamento da unidade.
Acresce que a revelação deste caso ocorre na altura em
que a central de Tsuruga tinha em desenvolvimento a possibilidade de
instalação de outros dois reatores. Os túneis subterrâneos de acesso
entre as duas unidades, a já existesnte e a futuyra, já tinham sido
construídos.
O reconhecimento oficial da existência da falha sísmica
ativa sob o reator nr. 2 da central deixou patente, também, a
negligência assumida, durante décadas, quer pelo operador da central, a
Companhia Japonesa de Energia Atómica, quer pelo regulador nacional,
apesar das advertências sempre colocadas por sismólogos.
A agência nuclear japonesa investiga presentemente
outras cinco centrais nucleares em todo o país, temendo precisamente que
tenham sido construídas sobre falhas sísmicas ativas.
Japão dividido
O episódio hoje tornado público está a ser entendido no
Japão como um teste crucial à autoridade da agência nuclear japonesa,
que enfrenta a pressão colocada não só pela indústria mas também pelo
Governo, de tendência pró-nuclear, que pretende autorizar o regresso à
atividade da central de Fukushima, suspensa desde o desastre de há dois
anos.
Com exceção de dois, todos os 50 reatores nucleares viáveis existentes no Japão continuam parados desde o terramoto (e o tsunami que se lhe seguiu) que vitimou Fukushima e causou 19.000 mortos e desaparecidos.
Com exceção de dois, todos os 50 reatores nucleares viáveis existentes no Japão continuam parados desde o terramoto (e o tsunami que se lhe seguiu) que vitimou Fukushima e causou 19.000 mortos e desaparecidos.
O desastre motivou no país uma onda antinuclear e
reforçou a independência da agência nuclear japonesa enquanto regulador.
Mas desde que tomou posse, em dezembro, o primeiro-ministro Shinzo Abe
rapidamente tentou reverter a situação, insistindo repetidamente na
necessidade do regresso à atividade dos reatores considerados seguros.