«Identificámos uma outra possível consequência das alterações climáticas que pode ser potencialmente mais perigosa do que todas as outras», explicaram dois cientistas da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, numa pesquisa publicada no Bulletin of Mathematical Biology.
Graças a um modelo matemático, os autores estimam que um aquecimento global de 6°C em comparação com a era pré-industrial poderia parar a produção de oxigénio do fitoplâncton, organismos vegetais que vivem em suspensão na água e fornecem dois terços do oxigénio presente na atmosfera.
«Isso significaria o desaparecimento do oxigénio da água, mas também do ar», concluiu a equipa. «Se isso viesse a acontecer, obviamente, levaria à morte de um grande número de espécies na Terra», acrescentou a equipa.
A comunidade internacional, reunida em Paris para uma conferência climática fundamental, estabeleceu o objectivo de limitar o aquecimento a 2°C em comparação aos tempos pré-industriais e agora deve chegar a um acordo sobre as modalidades para o fazer. Desde 1850, a temperatura da Terra já aumentou mais de 1°C.
Até agora, as medidas anunciadas colocam a Terra no caminho de um aquecimento de entre 2,7°C e 3,5°C. E se o mundo realmente não fizer nada para combater as alterações climáticas descontroladas, a coluna de mercúrio subiria +4,8°C neste século, segundo o grupo de peritos da ONU (IPCC).
«Poderia haver poucos sinais de alerta», explicou o co-autor Sergei Petrovskii. «Mas se superarmos o limiar crítico», que é de 6°C, «iríamos rapidamente rumo à catástrofe».
Os autores ressaltam, porém, que o modelo não inclui os efeitos de certos processos naturais, tais como a circulação oceânica - que poderiam ter um impacto sobre os efeitos do aquecimento.