8 de junho de 2015

Marcha de Alfama




“Fado é Alfama. Vadio e cantado ao desafio. Nos restaurantes minúsculos onde os turistas se deliciam com sardinha assada ou nas rascas de pedra, nas escadinhas das ruelas íngremes ou nos becos mais escondidos. Como se o tempo
tivesse parado neste pedaço de Lisboa”.

UM BAIRRO DE MARINHEIROS

Alfama, barro velho da Capital, conserva ainda os traços característicos da Lisboa antes da conquista aos mouros. Nem o sismo de 1755, que devastou boa parte da Capital de Portugal, nem as exigências da evolução dos tempos modernos conseguiram alterar o seu estilo. Nascido fora da alcáçova do castelo, o Bairro de Alfama, transformou-se, a partir do século XlV, num local marinheiro, frequentado por marinheiro, frequentado por pescadores, mareantes e trabalhadores das fainas do rio ou do mar. No seu labirinto de escadinhas, becos e ruelas, Alfama possui grandes riquezas de uma arquitectura única, onde, ainda hoje, se encontram gravados nas pedras sinais que indicam as casas de pilotos e capitães do mar. Nestes sítios de traços singulares é possível tocar nos telhados através das janelas rendadas e dos estendais de roupa a enxugar, tantas vezes, retratados pelos homens das artes. No “Chafariz de Dentro”, dono de um invejável caudal, recolhia-se a água que abastecia as naus que atracavam no Tejo. Toda a sua vida era feita em função do rio e do mar. Mesmo as práticas religiosas eram influenciadas pela actividade marítima. Assim foram surgindo capelas e irmandades, como a dos Remédios e do Espírito Santo.
Ninguém a descreveu melhor que o jornalista e olisipógrafo Norberto de Araújo que tem o seu nome numa das ruas do bairro de Alfama. Este apaixonado por Alfama descrevia-a ao pormenor : “Labiríntica, confusa, aglomerada, polícroma, torturosa, contorcida, cheia de abraços de ruelas e de beijos, arcos, alfujas, becos, escadarias e planos, serventias e pátios, um único Rossio: o “Chafariz de Dentro”; uma única Avenida: Os “Remédios”; um único monumento: a “Torre de São Pedro”; postigos, quintas, cunhais, muros floridos, brasões, balcões, poiais; Cruzes de ermida, registos de azulejos, lápides foreiras, siglas, grades, portais esquecidos, colunas, pedras soltas, restos de muralha; empenas em bico, andares de ressalto, varões de apoio, frestas, balaústres, janelas arrendadas, janelas geminadas, janelas de reixa; mil baiúcas, exércitos de gatos, coros de pregões, tumulto e resignação, arraial perpétuo de roupas estendidas (...); gentes do mar, gentes das oficinas, vendilhões, nuvens de meninos (...).
A Marcha de Alfama é promovida desde 1983 pelo Centro Cultural Dr. Magalhães de Lima. Já obteve resultados excelentes, entre eles, quatro primeiros lugares, dois segundos e dois terceiros. Fundada em 1975, esta colectividade
pretende servir, sobretudo, os jovens o seu bairro, desenvolvendo várias actividades culturais e desportivas: A sua acção junto dos moradores do bairro mereceu o reconhecimento público coma distinção de Membro da Ordem da Liberdade, entregue por Mário Soares, na altura Presidente da República de Portugal..
in http://www.carlosleiteribeiro.caestamosnos.org/Marchas_Populares/Lisboa.htm

Jan Kubelik plays "Zephyr" by Hubay